quarta-feira, 4 de junho de 2008

Busca incessante


Questionar acerca da utilidade da Filosofia numa era em que tudo apresenta uma explicação preconcebida e absoluta, não é das tarefas mais fáceis. Para que se chegue à determinada opinião são necessários elementos indispensáveis como dúvida, observação e, principalmente, a arte de pensar.

Chegar à conclusão de que muito do que nos é transmitido pode, e deve, ser aprimorado e aperfeiçoado, é o começo da jornada fascinante do pensamento. Desta forma, a indagação e a incerteza são imprescindíveis para que a venda nos olhos seja retirada e, posteriormente, o indivíduo comece a compreender e perceber que tudo que o rodeia é mutável. Saindo então do convencionalismo e das mesmices a que somos submetidos continuamente.

Segundo o filósofo alemão Karl Jaspers, a Filosofia é "perturbadora da paz" ("Philosophie ist störendfrieden"). Se formos parar para analisar, Jaspers caracterizou-a adequadamente. A Filosofia vem para quebrar a estagnação, a inércia em que se encontra o saber e assim, soprar a poeira que vem soçobrando o conhecimento. De tal modo, o que até certo ponto soava como verdade absoluta passa a ser obsoleto, ou seja, algo antiquado, arcaico. Mostrando que tudo é impreciso e incompleto, haja vista que deve ser discutido e modificado constante e incessantemente.


O filósofo contemporâneo diz ainda que fazer Filosofia é estar a caminho, onde muitas vezes (ou sempre) as perguntas são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se em uma nova pergunta. A partir desta última informação é válido ressaltar um exemplo retirado do livro Linguagem e Persuasão de autoria de Adílson Citelli, onde ao falar sobre discurso dominante menciona um exemplo extraído de um material da professora Ingedore Villaça que discorre sobre o que vem ser um hiper-texto e a forma como o mesmo possibilita o surgimento de inúmeros outros textos como se fossem links para novos estudos, novas discussões e funcionando significativamente na realização de outras leituras.


Logo, a ciência da dúvida é como um roteiro a ser seguido. Roteiro este que nunca chegará a um objetivo isolado, ainda que surjam novas ramificações cheias de respostas incompletas e temas para debates intermináveis.
Filosofar é isto; é pensar, observar, discutir e, acima de tudo, olhar as coisas de forma dessemelhante e aprofundada. Tentando, incansavelmente, achar a “tão procurada” verdade, ainda que encontrando vestígios de pequenas (in)certezas.

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